Há dias assim...

 

Há dias em que nem sequer devia ter acordado e hoje é um deles! Aquela sensação de que nada me corre bem é avassaladora e, quanto mais quero lutar contra ela mais fraca me sinto. É um esforço constante para ser melhor e, do nada, aparece uma rajada de vento e desmorona o meu mundo por completo, como que se o Universo todo estivesse contra mim. A cada dia que passa é mais uma luta, mais uma batalha (que, muitas, deixa mazelas que nem o tempo cura, daquelas que não matam mas que são como pequenos pedeços de vidro espetados no meu corpo que não consigo remover)  numa guerra que só acaba no dia em que não mais acordar (se não houver mais vida para além desta, coisa que não sei bem visto que ainda ninguém cá veio informar-me disso)  Mas a vida é assim! Não é cor de rosa nem um filme de princesas como sonhava em pequena. É monocromática e dolorosa pois coloca-me pequenos (ou grandes) desafios diariamente que, apesar de tudo, me fazem crescer e amadurecer.

"...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar..."
                                                Fernando Pessoa




Muita gente considera que Pessoa sempre foi muito radical e que tudo o que dizia ou pensava era totalmente descabido da realidade. Aqui para nós, eu não penso o mesmo. Se me perguntarem se concordo com tudo o que ele defende, responderei que não, porém, também não discordo totalmente. O excerto que acima coloquei é prova disso. 
Digamos que Pessoa era bastante racional, e isso reflecte-se muito bem em tudo o que escrevia, mesmo relativamente ao amor. Mas, agora pensam comigo, algum de nós é capaz de definir o amor? Será alguém capaz de expressar realmente o que sente sem fingir? Eu cá penso que isso é impossível! Ao dizermos a tão complexa palavra "amo-te" estamos a viver diversos sentimentos, que divergem de pessoa para pessoa. Tudo o que eu sinto é diferente do que os outros sentem e a forma de o transmitir é através de palavras que sejam universais e, que por vezes fazem com que se perca o real significado de tão usadas que são. Tornam-se banais! 
Pois, para mim, o bom de amar é apenas sentir, é todo o misto de sentimentos e vivências que nos proporciona. É o podermos sentir-nos crianças, é o sorriso estampado no rosto ao olhar para o/a "tal". É, tal como Pessoa diz a "eterna inocência", é o sonho tornado realidade que nos faz esquecer de tudo, que nos faz perder a fala. É o falar com o olhar, falar com os gestos. Amar é ser inconsciente, é não ter preocupações. Amar é sentir sem pensar, é aproveitar o melhor dos sentimentos!

Já não escrevo há tanto tempo! Talvez por não ter tempo mas também, porque não tenho sentido a tristeza que sentia antes. Acho que finalmente encontrei uma luz ao fundo do túnel, a minha luz!
Eu, que já começava a acreditar que talvez nunca encontraria alguém que gostasse realmente de mim, encontrei-o! Ele faz tudo parecer tão simples, tão perfeito... Dá-me força de acreditar e de lutar.
Não digo que é o meu príncipe encantado, até porque não acredito na existência de tal perfeição. Digo sim que ele tornou a minha vida melhor e quero aproveitar ao máximo o quanto durar. Não é tudo cor-de-rosa, nem tão pouco teve um principio perfeito, mas cada abraço, cada sorriso, cada carinho faz esquecer tudo aquilo pelo que passamos e todas as discussões.
E por isso sou capaz de dizer, AMO-TE do fundo do coração! Não te prometo o futuro, nem te prometo a perfeição. Prometo-te respeito e carinho enquanto o que temos durar!

Divagações

Há dias em que me olho ao espelho e pergunto "Mas afinal, quem sou eu?", e é tão difí­cil de responder! Por vezes penso que sou um resto de tudo, a sombra de um passado que não volta mais ou talvez a esperança de um futuro melhor que teima em não chegar.

Não sou mais uma criança, nem tão pouco sou adulta, nada sei da vida e ao mesmo tempo já sei mais do que devia. Sou um pedacinho de areia numa praia, sou uma gota no oceano, uma estrela no céu escuro. Quem sou eu? Um mero pedaço de carne a quem um ser superior atribuiu o dom da vida mas que tem medo de viver, medo de ser diferente e de lutar pelos seus sonhos. Sou o exemplo de um ser humano comum, que vive de recordações, de receios, de lamentações do que não fez e que se arrepende do que foi feito. Sou igual a qualquer um e, ao mesmo tempo, diferente de todos. Sou tudo aquilo que não sou e nada do que um dia irei ser!

Mais uma vez

Mais uma vez lancei as cartas sem olhar para trás, sem pensar nas consequências, e mais uma vez perdi. Porque é que tem de ser assim?
A verdade é que no fim do jogo apenas um sai vencedor e o derrotado fica sem nada.É um jogo sem escrúpulos este, onde apenas o mais forte e lutador consegue sair vitorioso e tu consegues. Tu és manipulador, consegues envolver-me nos teus pensamentos, fazes-me ser tão fraca que dou por mim a desistir de jogar e a render-me completamente a ti.
E tu jogas todas as cartas que tens com uma enorme perícia e eu cada vez mais rendida ao teu encanto.
Dás o jogo por terminado e eu dou por mim sozinha, com o baralho nas mãos porque simplesmente não fui capaz de jogar, não fui capaz de lutar pela vitória.
Seguiremos rumos diferentes mas, talvez um dia, voltemos a jogar e aí sim, eu sairei vitoriosa!