quinta-feira, novembro 4

"...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar..."
                                                Fernando Pessoa




Muita gente considera que Pessoa sempre foi muito radical e que tudo o que dizia ou pensava era totalmente descabido da realidade. Aqui para nós, eu não penso o mesmo. Se me perguntarem se concordo com tudo o que ele defende, responderei que não, porém, também não discordo totalmente. O excerto que acima coloquei é prova disso. 
Digamos que Pessoa era bastante racional, e isso reflecte-se muito bem em tudo o que escrevia, mesmo relativamente ao amor. Mas, agora pensam comigo, algum de nós é capaz de definir o amor? Será alguém capaz de expressar realmente o que sente sem fingir? Eu cá penso que isso é impossível! Ao dizermos a tão complexa palavra "amo-te" estamos a viver diversos sentimentos, que divergem de pessoa para pessoa. Tudo o que eu sinto é diferente do que os outros sentem e a forma de o transmitir é através de palavras que sejam universais e, que por vezes fazem com que se perca o real significado de tão usadas que são. Tornam-se banais! 
Pois, para mim, o bom de amar é apenas sentir, é todo o misto de sentimentos e vivências que nos proporciona. É o podermos sentir-nos crianças, é o sorriso estampado no rosto ao olhar para o/a "tal". É, tal como Pessoa diz a "eterna inocência", é o sonho tornado realidade que nos faz esquecer de tudo, que nos faz perder a fala. É o falar com o olhar, falar com os gestos. Amar é ser inconsciente, é não ter preocupações. Amar é sentir sem pensar, é aproveitar o melhor dos sentimentos!